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quarta-feira, 16 de maio de 2012

As Três no Ponto



 As Três no Ponto - Dia de Herói


Eu estava ansiosa com o fim do expediente aquela tarde, parecia estar fugindo de algo ou correndo para não perder o que seria o início da terceira guerra mundial. Bom, talvez eu não esperasse a declaração de guerra direta entre grandes potencias, mas com certeza estava prestes a presenciar dois gladiadores apresentando suas armas dentro de alguns instantes.

Cheguei ao mesmo local, onde costumava ficar alguns minutos aguardando o horário certo pra bater o cartão, ir embora e dar início a minha jornada de estudos, na faculdade. Dessa vez eu não queria esperar, algo dizia dentro da minha mente “Vai, anda logo, sai daí! Vai embora!”. Sei que pode parecer bobagem ou loucura, mas nada poderia estar mais certo que o alerta que aquela voz me dizia. Então bati meu cartão e fui embora sem pensar duas vezes, como um fugitivo que tenta escapar da policia, em seguida fui até a loja ao lado para procurar o Erick. Bem, eu sabia que tínhamos começado a namorar fazia pouco tempo, mas ele costumava ser o tipo de cara que gosta de fazer tudo a moda antiga, e isso, incluía a companhia dele até o local mais próximo possível do meu destino final.

Enquanto caminhava em sua direção, percebi que ele soltou um sinal de que estava ocupado naquele momento, o que me levou a pensar que toda aquela sensação de urgência era exatamente para evitar esse atraso da parte dele. Em seguida, já que eu tinha que esperar e não tinha mais nada pra fazer, tomei a decisão de ficar não muito longe de seu campo de visão, então encostei próximo de onde eu estava quando ele me viu.

O que eu não poderia imaginar era o que estava por vir, e antes que eu pudesse perceber ou fugir, ali estava ela diante de mim. Com um sorriso devastador e um olhar penetrante, ela fitou meus olhos e em seguida observou o que estava acontecendo, e como toda mulher decidiu investir e saber aonde meu limite agüentava, até que ponto ela precisaria ir para conseguir algo de mim. Finalmente ela, a Isabela, rompeu o silêncio que se estabeleceu entre nós.

Oi Mari, como você está? – Ela disse em tom irônico e debochado.

Eu estou ótima, na verdade precisando ir embora. – Respondi, tentando parecer mais firme do que realmente estava me sentindo.

E antes que eu pudesse cortar aquela conversa, ela respondeu subitamente...

- Achei estranho não ter aparecido hoje – de repente seus olhos pareciam ganhar vida, se tornaram ameaçadores e sombrios – principalmente de não ter saído para almoçar comigo. 

Enquanto ela falava comigo, suas mãos percorriam meus cabelos em uma mistura de arrumação e provocação. Ela usava suas unhas para arranhar toda a pele do meu pescoço e nuca. E se aproximava cada vez mais, por um instante tive a sensação de que estávamos próximas demais e expostas demais pela situação. Mas eu não conseguia esboçar nenhuma reação, era como se ela estivesse me hipnotizando com aquele olhar devastador, e agora ela usava seu toque para piorar tudo, pois eu sentia minha pele arfando de desejo e vontade de ter cada vez mais daquilo. Quanto minha cabeça, minha cabeça explodia em um turbilhão de pensamentos sobre tirá-la dali e ir para algum lugar mais reservado.

Foi quando mais uma vez ela quebrou o silêncio me fazendo voltar do meu mundo de pensamentos. Eu estava ofegante e ela percebia isso, não demoraria para ela usar esse detalhe a seu favor.
Mari? – Ela disse olhando ao redor como quem espreita para ver se não tinha ninguém por perto, mas suas mãos permaneciam fixas sobre meu corpo – Vai fazer algo após o trabalho? Quero dizer, por que não saímos daqui e vamos para algum lugar?

Seu tom era sério e instigante, suas palavras penetravam meu corpo como pequenas e dolorosas pontadas de prazer, eu sabia que ainda sentia uma forte atração por ela, mas não sabia até que ponto aquilo poderia me levar. Na verdade, naquela altura do campeonato, eu já não sabia o que dizer ou fazer, minhas pernas pareciam não responder e meu corpo parecia entregue. Ela permanecia com uma de suas mãos sobre meu rosto com suas unhas ainda cravadas na nuca e arranhando de um lado para o outro, enquanto a outra me segurava pela cintura.

Admito que algum tempo atrás, metade daquilo seria o bastante para que eu largasse tudo e topasse sair com ela. Não por ela ser linda e atraente, mas porque eu estava vivendo de forma descompromissada e solta, sem me importar muito com o depois.
Não demorou muito, para que da mesma forma inesperada que ela chegou, alguém chegasse. Eu senti um vulto se aproximando de onde estávamos, olhei de canto de olho e percebi que era Erick. Queria me livrar da Isabela, mas parecia que meu corpo não me obedecia e ela se transformara em um monstro com mil braços que me prendiam naquela situação.
Com licença moça?! – Ele chegou falando com aquele sorriso convencido e sarcástico, que eu adorava, nos lábios – Mas preciso roubar esta linda dama e acompanhá-la em segurança até seu transporte, antes que a chuva piore e não consigamos sair logo daqui.

Enquanto dizia tudo aquilo, ele pegou minha mochila colocando em suas costas, ajeitou o guarda chuva de modo que ficasse preso ao lado dela e envolveu meu pescoço com seu braço, de uma forma gentil e costumeira. Tirando e afastando as garras da Isabela pra longe de mim. E como em uma dança ensaiada, meu braço encontrava o meio de suas costas e se aninhava.
 Enquanto ele ditava o que deveria ser feito em seguida, com um simples olhar, ele me puxou e ditou a direção a seguir, e meu corpo ainda paralisado ganhava vida novamente.

Caminhamos e ainda de costas ele olhou por cima dos ombros para ela e disse “tchau”, mas não era um tchau qualquer, era daqueles que fazia qualquer pessoa se sentir descartada e vencida, era mais que apenas palavras, pois Erick fez questão de demonstrar aquilo juntamente com um gesto solto e de qualquer jeito. Em seguida, ele se virou me dando um beijo rápido e sem ousar olhar pra trás, eu retribui o beijo. 

Depois disso não sei o que aconteceu, mas acredito que ela, a Isabela, após demonstrar nitidamente sua irritabilidade com a falha de seu plano maléfico e infantil, possivelmente deu ombros e se dirigiu a loja para bater o ponto ou fazer qualquer outra coisa.

O principal disso tudo é que eu percebi, pela primeira vez em ação, o que Erick me prometera quando eu aceitei namorar com ele pra valer. Eu havia acabado de presenciar que ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa para me proteger, para cuidar do meu bem estar e ajudar a manter tantos “fantasmas e/ou tentações” longe do meu caminho, impedindo que assim essas coisas pudessem atrapalhar meus planos de vida. Erick se mostrava ser um cavalheiro a moda antiga, mas também um general implacável em defesa de sua amada. Isso me cativou um pouco mais, conquistou algo dentro de mim, talvez um pouco mais de confiança ou simples e puramente uma maior credibilidade, não sei. Ou talvez até saiba, mas ainda não estivesse pronta pra admitir.

(...)

Continua...

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