Vejo minh'alma sobre a qual a ira prevaleceu,
Banhar-se no sol odioso e descansar sobre a lama do Estige.
Diante dessa reflexão, desejo nunca ter nascido.
Por quantas, estando por cima, equivoquei-me como rei,
Deixando a condenação e a culpa para outrora,
Mas ao repouso do lar agi como um porco na lama.
Desde sempre minha vida tem sido gasta nisso, gasta em raiva e
tormentos,
Pois assim, termino por carregar a vergonha e o
arrependimento,
Enquanto presenciava o fiel perder sua fé, o incorruptível
tornar-se sujo
e o inocente um pecador dentre os homens.
Mas como todo resto, quem agora pode negar os meus direitos?
Se tendo em vista que em cada canto existira grande aflição
e tormento.
Sabendo que as tumbas brilharam em chamas,
Tão e mais
quentes que o necessário para qualquer coisa viva ou morta.
Quem dentre os homens poderia me julgar?
Quanto as minhas lamentações, terríveis por estar sofrendo,
Elas foram verdadeiramente miseráveis.
Perdi para sempre o gosto de lutas que, no fim das contas, não valiam a pena
E que jamais foram santas ou em nome de algo nobre.
Agora, eu estou perdido em meio ao inferno,
Estou sobrevivendo neste purgatório, vulgarmente intitulado vida.
Baseado em trechos de A Divina Comédia do poeta Dante Alighieri.
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