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sábado, 23 de abril de 2011

2 anos e 11 meses

Um suicídio ao contrário, gera o processar de um poema.
Um suicídio realizado, é a concretização dos versos escritos.




E eu duvido que alguém entenda melhor de autodestruição do que eu, mas quando penso sobre isso, sinto que estou mascarando o verdadeiro motivo. Sinto que estou escondendo minhas verdadeiras vontades, meus cortes, minhas cicatrizes e por fim, minha própria vida. O suicídio às vezes parece uma oportunidade em meio ao desespero, é como uma mãe repleta de conforto, segurança e alivio que está ali de braços abertos a sua espera. Às vezes o suicídio é atraente aos nossos olhos como uma mulher sedutora, deixando a mostra todos os motivos para cair em tentação. Mostrando toda beleza que podemos alcançar com isso. Mas suicídio só é bom quando deixa de ser uma tentativa, não deveria existir o: "tentar" suicídio. Quando a pessoa quer morrer, nada deveria impedir que ela conseguisse aquilo. Porque quem não consegue, passa a se sentir ainda pior, passa a se sentir inútil, incapaz e ainda mais solitário. Passa a se sentir alguém incapaz de conseguir atingir um único e simples objetivo, o desejo de morrer.

O suicídio não é o medo pelas criticas, não é a insatisfação com a vida em si, e tão pouco a falta de razão ou emoção. O suicídio faz parte de uma grande satisfação em torná-la morte, é isso mesmo, transformar a vida em morte. E não é covardia cometer suicídio, na verdade é preciso uma grande coragem para deixar a vida e encarar a morte, e realmente me parece necessário ter bastante força também, pra alcançar tal objetivo. O suicídio é uma oportunidade em meio ao desespero de se ter respostas, de possuir mais motivos ou nenhuma razão, suicidar-se é o ato mais honroso de querer desaparecer e poupar todo mundo da sua existência. E a simples idéia de suicídio, ajuda a suportar as tantas noites más que temos durante toda a nossa vida. O suicídio é a prova de que existem males maiores em vida do que a própria morte, e minha própria resignação diante dos fatos já é um suicídio cotidiano. A própria vida já é um suicídio a longo prazo, como as drogas e o álcool que tanto tenho consumido do ultimo ano pra cá.

Claro, acredito que se, quando estivessem tristes escrevessem sobre suas dores, sobre a violência, o rancor, a amargura e a injustiça, sobre até mesmo à vontade de cometer suicídio. Se todos transformassem suas feridas em literatura, talvez chegássemos a um ponto em que elas existiriam apenas no papel. Mas nunca é tão fácil ou simples como parece, e uma coisa eu tenho aprendido, e vos digo: O primeiro grande suicídio que cometemos é quando nos permitimos amar alguém. O segundo é quando perdoamos todas as falhas e continuamos a viver por aquela pessoa. O terceiro é quando tudo acaba e a pessoa, que te jurou amor eterno, nem se importa se você esta bem ou não, mas ainda sim você se preocupa e se importa com ela. Então, não cometa suicídio pelo mesmo amor mais de três vezes.

E sabe por quê? Por que as loucuras, os sonhos e as lágrimas farão você cogitar a idéia de tentar cometer suicídio todos os dias de sua vida, a partir do momento que você se vê sem aquela pessoa. Mas o amor esteve lá, mesmo sendo curto e o esquecimento longo, ele ainda esteve lá ao ponto de silenciar sua voz. E se aqueles sorrisos se tornarem a própria morte com o tempo, se aquele olhar for como um inverno jamais visto antes, se aqueles lábios forem como navalhas cortando sua carne de dentro pra fora, incansavelmente até que você não suporte e comece a gritar silenciosamente dentro de si.  Por fim, se aquele corpo que era tão seu, se tornar como um cadáver para o seu, ainda quente, aceite como um fúnebre adeus no fim da tarde. Onde encontraremos apenas a fiel solidão, a cômoda indiferença e a confortável distancia como companhias.

Talvez neste instante eu não esteja mais sozinho, mas não posso deixar os muitos que precisam sozinhos. Porque eu compreendi que não é covardia para comigo mesmo cometer suicídio, mas sim, é covardia com aqueles que me amam e que se preocupam comigo. Talvez por isso penso que a minha obsessão pelo suicídio é um eterno paradoxo. Não desejar viver, mas também não poder morrer, minha atenção nunca se afasta dessa dupla perspectiva. Dessas possíveis escolhas arrependidas e repreendidas...
Talvez eu esteja morrendo no amor e me suicidando para o mundo, talvez eu esteja desistindo da vida e quebrando qualquer contrato com o destino. Talvez eu esteja começando a desistir de você, não só por mim mas por todos aqueles que merecem o meu melhor, e procurando minha própria paz...
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