Vejo minh'alma sobre a qual a ira prevaleceu,
Banhar-se no sol odioso e descansar sobre a lama do Estige.
Diante dessa reflexão, desejo nunca ter nascido.
Por quantas, estando por cima, equivoquei-me como um rei,
Deixando a condenação e a culpa para outrora.
Enquanto em retorno ao lar, sentia-me como flores deixadas na lama.
Desde sempre minha vida tem sido gasta nisso, gasta em raiva e
tormentos.
E assim, termino por carregar a vergonha e o
arrependimento.
Enquanto presencio o fiel perder sua fé, o incorruptível
tornar-se sujo
e o inocente um pecador dentre os homens.
Mas como todo resto, quem agora pode negar os meus direitos?!
Tendo em vista que em cada canto existe tanta dor, aflição
e tormento,
Como a de tumbas brilhando em chamas com o fogo de mil bombas.
Tão e mais
quentes que o necessário para qualquer coisa viva ou morta.
Quem dentre esses homens poderia me julgar?
Quanto as minhas lamentações pareciam terríveis por estar sofrendo,
Elas eram verdadeiramente miseráveis e intensas além da conta.
Perdi o gosto de estar lutas que, no fim das contas, não mudam nada.
Guerras que jamais foram santas ou em nome de algo nobre, apenas por ego.
Agora, eu estou perdido em meio ao inferno,
Estou sobrevivendo neste purgatório, vulgarmente intitulado vida.
Baseado em trechos de A Divina Comédia do poeta Dante Alighieri.

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