Facebook - O momento Placebo

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sacrifícios




Estou aqui sentada, observando a vida que passa lá fora, às vezes é tudo tão complexamente tranqüilo aqui dentro, que me faz sentir uma espécie de vertigem só de pensar em sair no mundo lá fora. E eu fico aqui me perguntando como pode ser tão fácil para algumas pessoas que dizem amar, ser tão fácil de esquecer e superar esse tal amor. Porque não faz sentido ser fácil, quando a todo o momento parecia que seria difícil não só pra mim, como pode ser tão fácil, simples e rápido?

Talvez eu saiba. Talvez seja fácil e simples porque nunca fui amor. Em um relacionamento onde uma das partes sente atração por outras pessoas e chega a realizar esse desejo de outras pessoas, bem não é amor. Nunca poderia ser, pois a todo o tempo, da minha parte, eu sei o quanto eu jamais desejei ninguém mais. O quanto eu sempre me esforcei para fazer isto funcionar...
As pessoas gostam de dizer que eu sofro alem da conta, que eu me permito ser uma espécie de devaneio entre Clarice Lispector e quem sabe Caio Fernando Abreu. E talvez eu seja mesmo, talvez eu seja uma quimera, uma ficção, uma intervenção, uma realidade e uma alma doentia. E acho que é assim que eu devo permanecer, presa nessa jaula como um animal perigoso, acorrentado pelas lembranças de um crime perfeito, condenada a morte por um amor perdido...

Talvez eu esteja mais perdida do que pense, mas realmente não importa porque eu estou apaixonada pela minha dor agora, porque ela me prova que aquilo foi real e existiu por algum tempo, pouco tempo. E esse distúrbio que sinto se aproximar com a chegada de datas que antes eram tão especiais e importantes, elas não deixaram de ser importantes pra mim. Não sei se um dia deixariam de ser, porque o que eu senti realmente foi verdadeiro e transparece até hoje em tudo que faço, em tudo que escrevo e em tudo que vivo, ou sobrevivo e eu já nem sei da vida.

E agora que você deixa claro como foi fácil esquecer tudo isso, talvez eu devesse fazer o mesmo, mesmo que seja de mentirinha. Eu já estou tão acostumada a fingir que talvez um sorriso a mais não me faça enlouquecer um pouco mais e nem menos, talvez aumente apenas a cicatriz da próxima vez. É que eu aprendi o jeito certo de se fazer isso, pra que ninguém precise ver e ter certeza do quanto estou mal... Assim todos poderem ficar felizes, achando que eu estou bem e que finalmente encontrei alguma paz. Enquanto no escuro do meu quarto, no meu mundo placebo, eu continuo a flagelar e mutilar cada vez mais a carne e a alma desse corpo que ainda vivo, se é que eu realmente posso dizer que estou, continua a correr para a linha de chegada de uma vida que está apenas começando...

Amor, amor, amor... O que afinal é o amor senão apenas uma palavra de quatro letras e um único significado: sacrifícios.

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